terça-feira, 28 de junho de 2011

Caminhos - Nelsinho Ferreira

  Estou na frente do caminho no qual não sei aonde vai levar, mas sei que todo caminho na vida sempre chega a algum lugar, pois até o pássaro no céu tem um caminho a voar.
  O caminho só existe quando se tem aonde chegar, mesmo que o final não é aquilo que desejaria encontrar. Até o mais inteligente já errou seu caminho em algum lugar.
  O grande caminho da vida é na morte que vai chegar, pois todo aquele que esta vivo um dia o descanso eterno vai encontrar. E os pequenos caminhos da vida aqueles que deparamos no dia a dia, talvez um deles a felicidade possa estar.
  Mas de uma certeza tenho, que ninguém fica sem caminhar, pois até o mais infeliz dos homens já escolheu o caminho que vai pegar.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Experiência na Vida - Nelsinho Ferreira

Nós seres racionais estamos sempre em busca de um sentido para vida, depositamos esse sentido em sonhos, conquistas e nos lançamos em busca desses. À medida que o tempo passa e que sofremos influência do ambiente a qual vivemos a vida vai ganhando novas experiências, caminhos e sentido. Mas nossa vida se resume em que? Em ser feliz? Em realizar todos os nossos sonhos? Em uma busca constante de satisfazer nosso ego.
Quando era bebê a vida se resumia em me alimentar e cochilar. Eu alimentava de manhã, tarde e noite depois de saciado logo dormia.
Com o passar dos anos a vida começou a ganhar novos ares, alimentar e dormi já fazia parte da minha rotina, e à medida que cresci descobri uma nova experiência talvez a primeira sensação de liberdade que tive na vida. Comecei aprende a andar e depois a correr, já não precisava mais ficar direto no colo da minha mãe, podia andar sozinho era livre para ir onde quisesse dentro do ambiente. Já não só ficava no colo olhando tudo a minha volta, mas sim interagia.
  Depois de algum tempo alimentar, dormir e correr fazia parte da minha rotina já tirava de letra essas coisas. Daí veio uma nova descoberta aprendi a falar. Falava igual uma maritaca, cantava muito e gritava demais.  Minhas vontades eram compreendidas por qualquer um, bastasse eu abri a boca e soltar aquele som.
  À medida que o tempo ia passando novas experiências estava vivenciando. A novidade sempre via, quando achava que já não existia nada de novo a vida me pregava uma peça me mostrava que ainda tinha muita coisa para descobrir.
  A cada nova experiência minha vida ia se completando mais e ganhando mais coisas. Veio o tempo onde tudo se resumia em brincar depois televisão e mais tarde a experiência de namorar era o que bastava na vida.
  Hoje vejo que á vida é uma descoberta, a cada dia que passa é uma nova oportunidade para uma nova experiência e quando envelhecer vera que a vida se resume numa coleção de novas experiências. E o grande sentido da vida é vivê-las.

domingo, 26 de junho de 2011

PASSEIO SOCRÁTICO - Frei Betto

  Ao viajar pelo Oriente mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.
 
Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam.
  Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelo produz felicidade?'
 
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...'. 'Que tanta coisa?', perguntei... 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'
 
Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
 
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
 
Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual... Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...
 
A palavra hoje é 'entretenimento'. Domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
 
O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor.. Aliás, para uma boa saúde mental, três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
 
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
 
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar a vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...
 
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático. Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas.
 
Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: 
"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!"

O Deus que liberta - Nelsinho Ferreira


  O livro do êxodo nos mostra a grande busca que o povo de Israel enfrenta por libertação. O povo a mercê de um Faraó é escravizado e clama a Deus por libertação. O Deus libertador suscita em Moises a missão de libertar o seu povo da escravidão egípcia “Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra os seus opressores, e conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-lo do poder dos egípcios e para  fazê-lo subir dessa terra para uma terra fértil e espaçosa, terra onde corre leite e mel” (Ex 5,8).
  A história do êxodo mostra a passagem que o povo fez da escravidão para libertação que sofria nas mãos do faraó. Através do clamor de seu povo Deus padece dele e vai de encontro para libertar.
  O texto bíblico do êxodo deixa bem claro que Deus é  libertador é aquele que tira da escravidão, arranca da vida antiga e da uma vida nova, mas para que haja uma libertação deve haver primeiro uma resistência dos oprimidos contra os opressores. Os oprimidos devem se apegar a proposta de uma terra fértil e espaçosa e lutar contra aqueles que os oprimem.
  Para que Moises tirasse o povo do Egito, primeiro teve que haver uma confiança na proposta de libertação de Deus que veio por intermédio de Moises, depois uma resistência por parte desse povo contra o Faraó e por último se lançarem sem olhar para trás em busca da terra prometida.
  Hoje a sociedade deve buscar forças na historia do povo de Deus e lutar para a libertação. Nossa sociedade vem sendo escravizada pelos Faraós do congresso onde utilizam das suas forças para escravizar o povo. Com impostos altos, desvio de verbas públicas e leis que favorecem as suas próprias terras, esses Faraós roubam da sociedade uma vida melhor. Vida sem analfabetismo, sem mortes nas filas de Hospitais, sem miséria e etc. Devemos lutar contra esses opressores, Deus suscitou no coração de Moises o ideal de libertação do povo e acredito que a cada dia ele suscita nos nossos corações esse mesmo ideal, devemos estar atentos a essa voz que clama em nosso peito dando- nos força para caminharmos para a terra prometida.