terça-feira, 9 de abril de 2024

Justiça ( aforismo II) - Nelsinho Ferreira

 O tempo que se leva para fazer justiça é injusto!

Saudade ( aforismo I) - Nelsinho Ferreira

Saudade é passado no presente!

Eros - Nelsinho Ferreira

 Esse não é um poema de amor, mas de dor, causada pelo amor.

 Talvez nem seja um poema, mas um texto escrito pela dor causada pelo amor.

 Quando Pénia deleita com Poros, nasce Eros, filho da falta e da abundância.

 Sofrer pela falta do Amor, seja característica do Amor.

 Há aqueles que foram abençoados com o lado Poros do Amor, eu por outro lado fui amaldiçoado e carrego a dor de ter o lado Pênia do Amor.

Ao mesmo tempo - Nelsinho Ferreira.

 Ao mesmo tempo que estamos perto, estamos longe.

Nos encontramos e ao mesmo tempo desencontramos.

Nossos caminhos se cruzam e descruzam ao mesmo tempo.

A vontade de ficar distante, ao mesmo tempo nos aproxima.

Não querer encontrar, ao mesmo tempo faz te achar.

Ficamos frente a frente, e ao mesmo tempo não nos olhamos.

Queremos ficar juntos e ao mesmo tempo distantes.

terça-feira, 27 de março de 2018

Nice em o esquecimento - Nelsinho Ferreira


Um dia,  ao acordar, Nice indagou: por que esquecemos? Talvez,  já tivesse feito várias vezes essa pergunta, só que esqueceu sua resposta, ou mesmo que já tivesse feito essa pergunta. Ao se levantar, continuou; esquecer é algo que acontece com todos?  Após o banho, foi preparar seu café, e continuou indagando:  ao ser  esquecido, o fato deixa de existir? Nice se recordou  da leitura de um romance;  lembrou alguns personagens, mas não o titulo; forçou um pouco a memória, e acabou por lembrar o livro de que mais gosta; lembrou os personagens, o titulo, o sentido. Pois sempre estava relendo esse livro. Mas e aqueles que ela nem se lembra de ter lido? Esses deixaram de existir na sua memória.
Ao longo do dia, Nice continuou a pensar sobre o esquecimento, quando caminhava para seu trabalho. Retomou algumas memórias do passado e do tempo quando era criança, pensou nos dias em que foi feliz no sitio da família e nas aventuras que vivera com seus amigos de escola.  Nessa altura,  chegando ao serviço, ela parou e lembrou que não tinha trancado a porta de casa. Ao voltar, viu que a porta estava fechada. A lembrança da porta aberta a enganou.  Chegando ao trabalho, indagou sobre aquele fato, das vezes que achou ter vivenciado uma situação, mas na verdade vivenciou outra.  Nem sempre a lembrança acerta, requer às vezes retomar o lugar e conferir a validade da lembrança, disse Nice.
 Ao sair do serviço, Nice foi em direção a sua casa. No meio do caminho, resolveu parar em um bar conhecido; fazia anos que não entrava naquele estabelecimento. Ao entrar,  deparou-se com Lucas, proprietário do bar. Ao cumprimentar, fez a seguinte pergunta: quando foi a última vez que estive aqui? Na semana passada, respondeu Lucas.  Tinha me esquecido, respondeu Nice. Com essa resposta, ela percebeu que mesmo que tivesse esquecido algo, esse algo não deixou de existir, e que por mais que não fizesse parte da memória dela, fazia parte da memória de alguém. Percebeu que fatos e acontecimentos aos quais não dava muita importância tinham facilidade de sumir, e que ao longo dos anos, mesmo que tenhamos esquecido algo, ele volta como um devaneio.
Ao chegar em  casa, Nice ascende a luz da sala e vê alguns porta-retratos na estante. No meio deles, tinha um especial: moldura antiga, verde escuro com dourado, a foto desbotada sem cor, tirada de uma máquina antiga. Retratava um dia especial para Nice, do qual há muito  não se lembrava, mas que nunca deixou de existir. Sempre esteve ali guardado na memória, que voltou como devaneio através da fotografia.
 



quarta-feira, 30 de agosto de 2017

O problema do mal segundo Santo Agostinho - Nelsinho Ferreira

O que é o mal? Será que o mal é um ser? O mal é Criação de Deus? Quando assistimos uma reportagem e deparamos com crimes bárbaros, nos perguntamos quanta maldade ou ainda, se Deus existe por que permite todo esse mal? Identificamos o mal naquilo que é indesejável, às vezes está ligado à falta de virtude ou aos vícios. O mal sempre esteve presente na sociedade, como dizia o Filósofo RousseauO homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe”. O mal advém da sociedade? O homem é um ser social, por fazer parte da sociedade esse corrompe a sua própria espécie? Seria o homem a causa do mal?
Para o Filósofo Santo Agostinho a questão do mal sempre foi algo de seu interesse, se Deus é inteiramente bom e todo-poderoso, por que há mal no mundo? Essa pergunta é fundamental, pois ela é utilizada para um argumento contra a existência de Deus.  Agostinho respondeu essa pergunta defendendo a tese de que, embora Deus tenha criado tudo que existe, Ele não criou o mal porque o mal não é algo, mas a falta ou a deficiência de algo. A dialética que Santo Agostinho faz é dizer que conhecemos o mal através do bem, o ser humano é bom, podemos identificar o mal no contrário do bem como exemplo: o mal em um ladrão é a falta de honestidade.
Santo Agostinho utiliza dois silogismos acerca da inautenticidade do mal para solucionar a pergunta: O mal é uma Criação de Deus? -Todas as coisas que Deus criou são boas; O mal não é bom; Portanto, o mal não foi criado por Deus. - Deus criou todas as coisas; Não criou o mal; Portanto, o mal não é uma coisa. Com essa idéia, Santo Agostinho vai dizer que “se o bem vem de Deus, o mal se origina da ausência do bem e só pode ser atribuído ao homem, por conduzir erroneamente suas próprias vontades”.
Outra questão que Santo Agostinho precisa explicar é se Deus criou o mundo de tal maneira por que ele permite que existam tais males ou deficiências naturais ou morais. A resposta para tal indagação advém da racionalidade dos seres humanos, para que ele criasse criaturas racionais, tinha de lhes dar livre arbítrio. Ter livre arbítrio significa ser capaz de escolher e inclusive de escolher entre o bem e o mal. A racionalidade é a capacidade que o ser humano tem de avaliar as escolhas por meio do processo do raciocínio, esse processo só é possível onde há liberdade de escolha, incluindo a liberdade de se escolher errado. Segundo Santo Agostinho O que tornou Adão capaz de obedecer às ordens de Deus também o tornou capaz de pecar". Então o mal seria as más escolhas dos seres humanos? Temos refletido antes de fazer alguma escolha?  
Referencia Bibliográfica: O Livro da Filosofia (2011), Author: CasteloRoger, Name: O Livro da Filosofia.
https://cogitoinexcelsius.wordpress.com/2010/10/16/santo-agostinho-e-o-problema-do-mal/
 AgostinhoSto. (1980) Confissões. Trad. J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina, São. Paulo, Abril Cultural, 2ª edição

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

A busca da felicidade segundo Platão - Nelsinho Ferreira

Estamos em busca da felicidade? Onde encontramos a felicidade? A felicidade é plena ou passageira? Essas são algumas perguntas que fazemos ao longo da vida, são inúmeras as repostas para estas perguntas. Para alguns a felicidade é algo material ou um estado de espírito, há pessoas que não acreditam na felicidade, mas sim em momentos alegres. Os gregos antigos consideravam a felicidade como a finalidade última da Filosofia. Os filósofos vêem a felicidade como a finalidade última dos nossos atos, mas que nem todo ato traz felicidade. Mas "O que é felicidade?" pergunta de cunho filosófico que tirou o sono de muitos pensadores. Em grego, felicidade se diz “eudaimonia” cujo seu significado é bom demônio, acreditavam-se que a felicidade era um bem concedido por forças divinas e que esse poderia ser perdido dependendo do comportamento humano ou pela vontade divina. Portanto, a felicidade era considerada um bem instável.

         O filosofo grego Platão, dizia que o homem só atingirá a felicidade quando abandonar o mundo sensível em direção ao mundo inteligível, que permite chegar à idéia do bem, que é a causa das idéias perfeitas como a beleza, coragem, justiça e felicidade. Para que isso ocorra, é necessário que a alma racional (conhecimento) regule a alma irascível (paixão) e que esta, controle a alma concupiscente (desejo). Por meio da dialética a alma humana penetraria o mundo inteligível, contemplando as idéias perfeitas até atingir a idéia suprema que é a idéia do bem. Em resumo, Platão considera que a felicidade é o resultado final de uma vida dedicada a um conhecimento progressivo que permita atingir a idéia do bem. 

O pensamento de Platão segue uma linha idealista propondo que a felicidade está no campo das idéias, a felicidade é uma vida dedicada à busca do conhecimento e da reflexão filosófica, com esse conhecimento, temos condição de pesar o que é bom e o que é mau. Para o filósofo a ascensão dialética equivaleria não apenas um ganho ou elevação do conhecimento, mas uma elevação ontológica. Em resumo aquele que alcança o conhecimento verdadeiro que culmina na ideia do bem tornar-se um ser melhor em sua vivência e por isso pode viver feliz. Mas será que a felicidade está nessa busca pelo conhecimento? Será que o sábio é feliz ou o homem feliz é um sábio?

Referência Bibliográfica: COTRIMGilberto e FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. 1 Ed. São Paulo: Saraiva,
PLATÃO. Fedro. Trad. Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Companhia Editora Americana. 1975