quarta-feira, 30 de agosto de 2017

O problema do mal segundo Santo Agostinho - Nelsinho Ferreira

O que é o mal? Será que o mal é um ser? O mal é Criação de Deus? Quando assistimos uma reportagem e deparamos com crimes bárbaros, nos perguntamos quanta maldade ou ainda, se Deus existe por que permite todo esse mal? Identificamos o mal naquilo que é indesejável, às vezes está ligado à falta de virtude ou aos vícios. O mal sempre esteve presente na sociedade, como dizia o Filósofo RousseauO homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe”. O mal advém da sociedade? O homem é um ser social, por fazer parte da sociedade esse corrompe a sua própria espécie? Seria o homem a causa do mal?
Para o Filósofo Santo Agostinho a questão do mal sempre foi algo de seu interesse, se Deus é inteiramente bom e todo-poderoso, por que há mal no mundo? Essa pergunta é fundamental, pois ela é utilizada para um argumento contra a existência de Deus.  Agostinho respondeu essa pergunta defendendo a tese de que, embora Deus tenha criado tudo que existe, Ele não criou o mal porque o mal não é algo, mas a falta ou a deficiência de algo. A dialética que Santo Agostinho faz é dizer que conhecemos o mal através do bem, o ser humano é bom, podemos identificar o mal no contrário do bem como exemplo: o mal em um ladrão é a falta de honestidade.
Santo Agostinho utiliza dois silogismos acerca da inautenticidade do mal para solucionar a pergunta: O mal é uma Criação de Deus? -Todas as coisas que Deus criou são boas; O mal não é bom; Portanto, o mal não foi criado por Deus. - Deus criou todas as coisas; Não criou o mal; Portanto, o mal não é uma coisa. Com essa idéia, Santo Agostinho vai dizer que “se o bem vem de Deus, o mal se origina da ausência do bem e só pode ser atribuído ao homem, por conduzir erroneamente suas próprias vontades”.
Outra questão que Santo Agostinho precisa explicar é se Deus criou o mundo de tal maneira por que ele permite que existam tais males ou deficiências naturais ou morais. A resposta para tal indagação advém da racionalidade dos seres humanos, para que ele criasse criaturas racionais, tinha de lhes dar livre arbítrio. Ter livre arbítrio significa ser capaz de escolher e inclusive de escolher entre o bem e o mal. A racionalidade é a capacidade que o ser humano tem de avaliar as escolhas por meio do processo do raciocínio, esse processo só é possível onde há liberdade de escolha, incluindo a liberdade de se escolher errado. Segundo Santo Agostinho O que tornou Adão capaz de obedecer às ordens de Deus também o tornou capaz de pecar". Então o mal seria as más escolhas dos seres humanos? Temos refletido antes de fazer alguma escolha?  
Referencia Bibliográfica: O Livro da Filosofia (2011), Author: CasteloRoger, Name: O Livro da Filosofia.
https://cogitoinexcelsius.wordpress.com/2010/10/16/santo-agostinho-e-o-problema-do-mal/
 AgostinhoSto. (1980) Confissões. Trad. J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina, São. Paulo, Abril Cultural, 2ª edição

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

A busca da felicidade segundo Platão - Nelsinho Ferreira

Estamos em busca da felicidade? Onde encontramos a felicidade? A felicidade é plena ou passageira? Essas são algumas perguntas que fazemos ao longo da vida, são inúmeras as repostas para estas perguntas. Para alguns a felicidade é algo material ou um estado de espírito, há pessoas que não acreditam na felicidade, mas sim em momentos alegres. Os gregos antigos consideravam a felicidade como a finalidade última da Filosofia. Os filósofos vêem a felicidade como a finalidade última dos nossos atos, mas que nem todo ato traz felicidade. Mas "O que é felicidade?" pergunta de cunho filosófico que tirou o sono de muitos pensadores. Em grego, felicidade se diz “eudaimonia” cujo seu significado é bom demônio, acreditavam-se que a felicidade era um bem concedido por forças divinas e que esse poderia ser perdido dependendo do comportamento humano ou pela vontade divina. Portanto, a felicidade era considerada um bem instável.

         O filosofo grego Platão, dizia que o homem só atingirá a felicidade quando abandonar o mundo sensível em direção ao mundo inteligível, que permite chegar à idéia do bem, que é a causa das idéias perfeitas como a beleza, coragem, justiça e felicidade. Para que isso ocorra, é necessário que a alma racional (conhecimento) regule a alma irascível (paixão) e que esta, controle a alma concupiscente (desejo). Por meio da dialética a alma humana penetraria o mundo inteligível, contemplando as idéias perfeitas até atingir a idéia suprema que é a idéia do bem. Em resumo, Platão considera que a felicidade é o resultado final de uma vida dedicada a um conhecimento progressivo que permita atingir a idéia do bem. 

O pensamento de Platão segue uma linha idealista propondo que a felicidade está no campo das idéias, a felicidade é uma vida dedicada à busca do conhecimento e da reflexão filosófica, com esse conhecimento, temos condição de pesar o que é bom e o que é mau. Para o filósofo a ascensão dialética equivaleria não apenas um ganho ou elevação do conhecimento, mas uma elevação ontológica. Em resumo aquele que alcança o conhecimento verdadeiro que culmina na ideia do bem tornar-se um ser melhor em sua vivência e por isso pode viver feliz. Mas será que a felicidade está nessa busca pelo conhecimento? Será que o sábio é feliz ou o homem feliz é um sábio?

Referência Bibliográfica: COTRIMGilberto e FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. 1 Ed. São Paulo: Saraiva,
PLATÃO. Fedro. Trad. Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Companhia Editora Americana. 1975