sábado, 22 de junho de 2024

Metafísica da Existência: Escolhas, Liberdade e o Enigma do Sentido da Vida - Nelsinho Ferreira

 

A vida tem sentido? Qual o sentido da vida? Qual é a vida que tem sentido? Se analisarmos o fenômeno vida a partir da ideia de que é um estado de atividade incessante comum aos seres vivos; que é o período que decorre entre o nascimento, reprodução e morte; que é a evolução desde seu início até seu fim; ou que é o tempo de existência e funcionamento de alguma coisa, por certo, estar e permanecer vivo é o sentido da vida, que se finda na sua defunção.

Inicialmente, o indivíduo busca um sentido maior para esse fenômeno, no qual possa ser bússola para direcionar sua existência. Nesse caso, busca referência ou propósito para conduzir essa passagem, desde a tomada de consciência ao seu fim.

Diante disso, não existe resposta que enquadre todas as possibilidades humanas, haja vista que o ente está em constante construção, mas podemos discorrer sobre conceitos que possam acalmar nosso espírito diante dessa indagação existencial.

O sujeito, enquanto conhecedor, direciona suas intenções subjetivas para o objeto (conhecido, fenômeno), que, nesse caso, é a vida. Logo, podemos tratar essa busca por dar sentido à vida como um desejo subjetivo do sujeito, e não a finalidade do objeto conhecido. Por certo, a relação sujeito-objeto no caso em tela produz a escolha como possibilidade de conclusão.

Primeiramente, devemos entender o conceito de escolha à luz do pensamento existencialista. Esses acreditavam que todos os seres humanos são dotados de liberdade, o que possibilita fazer escolhas de vida exclusivas para cada indivíduo com base em suas próprias crenças e experiências. Contudo, a partir dessas escolhas, as pessoas começam a descobrir quem são e o que são, segundo o filósofo Sartre:

“O homem é tão somente, não apenas como ele se concebe, mas também como ele se quer, como ele se concebe após a existência, como ele se quer após esse impulso para a existência. O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo.”[1]

Insta salientar que, para Sartre, “… o homem tem liberdade de escolha no sentido em que, através da escolha, ele confere à sua atividade um significado que ele não teria de outro modo.”[2]

Destarte, o sentido metafísico da vida que o sujeito busca incessantemente está nas escolhas livres que ele faz; estas devem passar pelo crivo da razão, pois são carregadas de responsabilidades.

Em suma, o sentido da vida seria a liberdade que possuímos para fazer escolhas; estas devem ser guiadas pela razão. Enfim, sabemos escolher?

 



[1] SARTRE, Jean P. O Existencialismo é um Humanismo. Petrópolis: Editora Vozes, 2012. p.10.

[2] SARTRE, Jean P. O Existencialismo é um Humanismo. Petrópolis: Editora Vozes, 2012

terça-feira, 11 de junho de 2024

SAL DA TERRA - Nelsinho Ferreira

 “Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens.Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e  assim ilumina a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”.  (Mt 5,13-16).
  O papel do sal na comida é dar sabor, quando olhamos pra um alimento não enxergarmos o sal, pois ele já se misturou na comida, mas ao experimentar sentimos a sua presença. Se o sal perde a propriedade de salgar, já não tem mais utilidade então pode ser jogado fora.    Nessa passagem Cristo fala para os discípulos darem testemunho  por onde passarem, pois é através do testemunho visível que os homens descobriram a ação de Deus invisível. O discípulo deve testemunhar com suas ações o Reino de Deus se não se comprometerem com a proposta e não demonstrar em ações, a vida do discípulo perde o sentido e com isso serve para nada.  Nos dias de hoje vemos uma grande falta de testemunho por parte dos cristãos, com suas vidas corridas e suas buscas pessoais esquecem-se do propósito comunitário de Cristo.  Alguns líderes religiosos buscam alimentar seu público com discursos inebriantes e esquecem que as ações falam mais do que as palavras, finalizo com as palavras da Madre Teresa de Calcutá: “talvez você possa ser o único evangelho que seu irmão possa ler”.