RESUMO
O presente artigo abordará uma análise partindo do pressuposto da conceituação do mito, categorizando a investigação ao ensino. Abordaremos a presença conceitual do mito através das nuances que corroboram com a sua presença prática na sociedade e nos campos dual do ser e sua existência nesse espaço social. Dentro desse campo reflexivo, analisaremos os aportes teóricos que fazem ligações com a existência do mito junto a realidade prática, caminhando pela tendência moderna e à secularização que procede a transição desse mito aqui apontado como objeto de estudo dessa investigação. A natureza qualitativa desta pesquisa concentrará uma abordagem bibliográfica de conceitos e teorias que reforcem a cientificidade dessa proposta. Se baseando, principalmente, nos estudos relevantes dos mitos a partir da voz de Joseph Campbell (1990), Hesíodo (2005), Vernant (1990), dentre outros teóricos que possibilitam a transversalidade do mito com a perspectiva categorizada ao ensino. Objetivamos a partir dessa investigação, apresentar as teorias que constroem e demonstram a importância da mitologia, mantendo-se fonte necessária para a transformação do pensamento individual e coletivo, dentro de uma ramificação essencial do ser humano que rompe o período secular e transcende aos dias atuais como uma categorização de ensino a partir desses estudos que são impossíveis de quantificar, tendo em vista seu teor transformador do pensamento humano.
PALAVRAS-CHAVE: Mito. Categorização. Ensino. Transversalidade.
- INTRODUÇÃO
Desde o início as primeiras civilizações, tentam explicar vários fenômenos da natureza. Da busca de explicações desses fenômenos nasce o mito, como um recurso de resposta para essas dúvidas. Dessa forma, se faz necessário questionar como o mito impacta de maneira transcendente em nossas vidas e de que forma reagimos a esse fenômeno que consegue materializar em nossa existência uma identidade construtiva a partir da categorização do ensino. No entanto, antes que caminhemos sob o aprofundamento nessa questão, é necessário realizar uma avaliação, onde o mito assuma uma função positiva nas nossas vidas a partir do papel integrador que se faz na fundamentação do ensinar na sociedade.
Serão introduzidas, em primeiro lugar, as correntes de pensamento que corroboram com a definição do mito a partir das ideias de Joseph Campbell (1990) e a análise de Hesíodo (2005), além das contribuições Vernant (1990) que materializam os elementos contributivos para a discussão e importância dos mitos para o sujeito e sua correlação com a sociedade numa perspectiva que se concentra no ensinar e aprender.
O mito exerce uma função semelhante ao da filosofia, enquanto modo de autocompreender-se dos povos primitivos. O homem primitivo tem consciência de certos fatos e valores, e cristaliza a causa dos primeiros e a realidade dos segundos justamente nas representações fantásticas que são os mitos. A filosofia e o mito têm o mesmo objetivo, o de fornecer uma explicação exaustiva das coisas. No que diz respeito ao posicionamento interrelacional do mito, Campbell afirma que ele “integra o indivíduo na sociedade e a sociedade no campo da natureza” (CAMPBELL, 1990, p. 66).
O mito procede mediante as representações fantásticas, a intuição de analogias, a imaginação poética, sugeridas pela experiência sensível, pois, “precisamos de mitos que identifiquem o indivíduo, não com seu grupo regional, mas com o planeta” (CAMPBELL, 1990, p. 38).
Obtivamos nessa investigação, apresentar as ideias dos teóricos supracitados que reforçam e ampliam ao mesmo tempo a compreensão dos mitos e conseguem apontar a importância desse estudo para nossa vida como sendo prática do pensamento idealizado pelo ensinar. Relacionando as ideias desses autores busca-se de forma evidentemente transparente a relevância dos mitos para nossa compreensão de mundo a partir da categorização do ensinar numa perspectiva formativa.
Os mitos são histórias da busca feita através do tempo, do sentido da vida, do significado da vida, para tocar a eternidade, para compreender o mistério e para descobrir quem somos. Os mitos são pistas para as potencialidades espirituais da vida humana e da busca do significado para a experiência do significado.
Nas suas obras Platão utiliza-se dos artifícios dos mitos para explicar diversos assuntos complexos para o pensamento, como por exemplo, o mito do carro alado que representa a luta que a razão trava com a vontade e a concupiscência. Assim, nessa pesquisa abordaremos um pouco da história do mito e da utilização dele por Platão no diálogo intitulado Fedro, alicerçados numa metodologia de natureza qualitativa e bibliográfica que corrobore com a cientificidade e relevância acadêmica que são impossíveis de se quantificar.
- O SENTIDO DO MITO GREGO NO POEMA TRABALHOS E DIAS DE HESÍODO
O mundo dos antigos gregos ainda fala conosco através de sua mitologia. Ela era povoada por muitos deuses e deusas, cada um deles com certos poderes no mundo, cada um deles com sua própria história. Durante dezenas e centenas de anos as histórias dos deuses e de seus feitos eram passadas adiante por contadores de histórias. Essas histórias formam o que é conhecido como mitologia grega derivada da palavra grega mythos, que significa algo não verdadeiro. Mas, para os gregos antigos, essas histórias eram uma questão de fé. Ajudavam a explicar como e por que o mundo é como é. Os mitos aparentemente religiosos mostravam que vida era regida pelos deuses.
Os mitos são metáforas da potencialidade espiritual do ser humano, e os mesmos poderes que animam nossa vida animam a vida do mundo. Mas há também mitos e deuses que têm a ver com sociedades específicas ou com as deidades tutelares da sociedade. Em outras palavras, há duas espécies totalmente diferentes de mitologia. Há a mitologia que relaciona você com sua própria natureza e com o mundo natural, de que você é parte. E há a mitologia estritamente sociológica, que liga você a uma sociedade em particular. Você não é apenas um homem natural, é membro de um grupo particular. Na história da mitologia europeia é possível ver a interação desses dois sistemas. No geral, o sistema socialmente orientado é o de um povo nômade, que se move erraticamente, para que você aprenda que o seu centro se localiza nesse grupo. A mitologia orientada para a natureza seria a de um povo que se dedica ao cultivo da terra. (CAMPBELL, 1990, p. 36).
Na mitologia todos os deuses tinham características próprias e estavam sempre ligados a algum adjetivo ou uma função, como por exemplo, Afrodite e Ártemis que era os dois lados da mesma moeda. Afrodite era a deusa da sexualidade feminina, é a deusa da beleza e está associada a vários aspectos da fertilidade. E, do outro lado temos Ártemis, que era uma virgem casta ou Atena que era a protetora da cidade e também era a favor da paz. Um aspecto importante das divindades gregas é que se puderem causar alguma coisa, também podem impedi-la. O deus Apolo como, por exemplo, é o organizador, o civilizador. É ele que coloca as estradas em lugares onde não havia nenhuma antes. Ele é o que cura, mas que também traz as pragas. Ele era um deus da distância e, consequentemente não lidava com as pessoas frente a frente ou mão na mão.
O homem das sociedades arcaicas tem a tendência para viver o mais possível no sagrado ou muito perto dos objetos consagrados. Essa tendência é compreensível, pois para os “primitivos”, como para o homem de todas as sociedades pré-modernas, o sagrado equivale ao poder e, em última análise, à realidade por excelência. (ELIADE, 1992, p. 13-14)
Essas histórias era o meio do povo da época transmitir valores e repostas para diversas perguntas que surgiam naquele momento, por exemplo, a criação da humanidade.
Nas narrativas de Hesíodo, Zeus cria várias raças de homes de ouro, de prata, de bronze e de ferro. Parece que cada raça simboliza os diferentes aspectos da condição humana.
A primeira raça de homens é feita de ouro. Suas vidas são fáceis, suas colheitas abundantes literalmente vivem em festa com seus deuses.
(...) De ouro era a primeira geração de homens mortais criada pelos imortais que habitam as moradas Olímpicas. Eram do tempo de Cronos, quando ele reinava no céu como deuses viviam, com o coração liberto de cuidados, longe e apartados de penas e misérias. Sem a presença da triste velhice, sempre igualmente fortes de pés e de braços, alegravam-se em festins, a recato de todos [os males. (HESÍODO, 1996, p. 1-50)
Morriam como se vencidos pelo sono. Todos os bens tinham à disposição: para eles, a terra fértil produzia frutos espontaneamente, muitos e copiosos; e eles, contentes e tranquilos, partilhavam os trabalhos com alegrias infinitas, “ricos em rebanhos, queridos aos deuses bem-aventurado” (HESÍODO, 1996, p. 1-50).
Mas depois que a terra cobriu os homens desta raça, eles são, por vontade do grande Zeus, divindades benignas, subterrâneas, guardiãs para os homens mortais, “que vigiam a justiça e as ações malvadas, vestidos de bruma, percorrendo toda a terra, distribuidores de riqueza. Tal é a honra que obtiveram” (HESÍODO, 1996, p. 1-50)
A raça de ouro parece ter vivido uma existência perfeita aparentemente no paraíso. E mesmo assim, essa raça desaparece sem explicação.
Depois que a raça de ouro foi extinta Zeus fez os homens de prata, mas essa raça não era muito evoluída.
Em seguida uma segunda raça muito pior do que a anterior, de prata, modelou os deuses que habitam as mansões Olímpicas, nada semelhantes à de ouro, nem no corpo nem no espírito. Os filhos, durante cem anos, junto da mãe prudente, eram criados e brincavam muito pueris, dentro de casa. Mas quando cresciam e atingiam o limiar da juventude, viviam durante muito pouco tempo, sujeitos a sofrimentos por irreflexão; não conseguiam a insolência desmedida afastar uns dos outros, nem desejavam prestar culto aos imortais, nem sacrificar nos sagrados altares dos bem-aventurados com é lei entre os homens, segundo o costume. Então Zeus Crónida, irritado, os fez desaparecer, porque não prestavam honras aos deuses bem-aventurados que detêm o Olimpo. (HESÍODO, 1996, p. 1-50).
As pessoas da idade de prata eram bebês para sempre depois tinham um curto período de maturidade e então passavam para uma velhice horrível e desapareciam sob a terra. Eram mais arrogantes e não adoravam os deuses suficientemente.
Depois vieram os homens de bronze, que se exterminaram, através de guerras constantes.
Zeus pare uma terceira raça de homens mortais modelou, de bronze, em nada semelhante à de prata, nascida dos freixos, terrível e vigoroso, a quem interessavam os trabalhos dolorosos de Ares e as insolências. Não comiam trigo, mas tinha um coração inabalável como o aço. Eram terríveis; possuíam grande força e braços invencíveis nasciam-lhes dos ombros sobre corpos poderosos. De bronze eram suas armas, de bronze feitas as casas e com bronze trabalhavam. Não existia ainda o negro ferro. Vencidos pela força dos próprios braços, desceram a úmida mansão do gelado Hades, desconhecidos. (HESÍODO, 1996, p. 1-50).
E por fim, a raça de homens que vivem hoje, e dizem serem os homens de ferro. Então basicamente, a história da degeneração veio para era presente onde realmente aparece um equilíbrio nessas visões variadas das coisas importantes da vida para os gregos mais especificamente nossas atitudes perante os deuses e nossas atitudes perante a guerra e a luta por sua cidade-estado e como podemos ou não conviver bem com o outro.
(...) Do mito das raças, Hesíodo tira um ensinamento que dirige mais especialmente ao seu irmão Perses, um pobre tipo, mas que vale também para os grandes da terra, para aqueles cuja função é regulamentar as querelas por arbitragem, para os reis. Hesíodo resume este ensinamento na seguinte fórmula: escuta a justiça, Díke, não deixes aumentar a desmedida, Hýbris (...). Com efeito, a história conta a sucessão das diversas raças de homens que, precedendo-nos na terra, apareceram e depois desapareceram alternativamente. Em que uma tal narrativa é suscetível de exortar à justiça? Todas as raças, as melhores e as piores, tiveram do mesmo modo que deixar a luz do sol, no momento chegado. E entre eles a aquelas que os homens honram com um culto desde que a terra os recobriu, há as raças que se ilustram aqui na terra por sua espantosa Hýbris. Além do mais, as raças parecem suceder-se de acordo com uma ordem de decadência progressiva e regular. De fato, elas se aparentam aos metais de que tiram o nome e cuja hierarquia ordena-se do mais precioso ao monos precioso, do superior ao inferior: em primeiro lugar o ouro, depois prata, o bronze, em seguida, e finalmente, o ferro. Assim, o mito parece querer opor a um mundo divino, em que a ordem é imutavelmente fixada desde a vitória de Zeus, um mundo humano no qual a desordem se instala pouco a pouco e que deve acabar virando inteiramente para o lado da injustiça, da desgraça e da morte. Mas este quadro da humanidade destinada a uma queda fatal e irreversível não parece muito próprio para convencer Perses e os reis sobre a virtude da Díke e os perigos da Hýbris. (VERNANT, 1990, p. 27-28).
O interessante é que todas essas histórias são falas sobre a criação de metade da raça humana: o homem.
A mulher é criada como uma aflição um castigo e tudo por causa de um truque. A primeira mulher foi enviada para terra como um castigo para a raça humana. Isso nos parece incrivelmente misógino e, mais estranho ainda é quem da parte de Hesíodo, que disse isso em 700 a.C, mas diz à história que um dos deuses, Prometeu tentou enganar o mestre e rei de todo o cosmo, Zeus. Prometeu é o deus enganador, é um deus esperto, Prometeu significava previsão. Ele matou uma ovelha pegou toda parte boa da carne e colocou dentro da barriga. Pegou todos os ossos e os embrulhou em gordura branca e bonita que, naturalmente queimou se no sacrifício. Apresentou os dois pacotes a Zeus e mandou que ele escolhesse. Zeus sabe que está sendo enganado por Prometeu que representa a espécie humana. Em retaliação, Zeus pune o homem tirando-lhe o fogo.
Prometeu, por sua vez, rouba o fogo de novo e o entrega a humanidade.
O helenista, Vernant (1990), vai dizer que:
O mito de Prometeu “menciona um tempo antigo em que os homens viviam ao abrigo dos sofrimentos, das doenças e da morte; cada um presta contas, à sua maneira, dos males que se tornaram, em seguida, inseparáveis da condição humana. O mito de Prometeu comporta uma moral tão clara que Hesíodo não sente necessidade de desenvolvê-la; limita-se a deixar falar a sua narrativa: pela vontade de Zeus que, a fim de vingar o roubo do fogo, escondeu ao homem a sua vida, isto é, o seu alimento, os seres humanos são destinados ao trabalho, a partir de então; devem aceitar essa dura lei divina e não poupar esforço nem fadiga. (VERNANT, 1990, p. 27-28).
E roubando o fogo e dando de presente aos homens ele foi indiretamente punido pela criação da mulher que foi dada aos seres humanos. Zeus não só deu ao homem aquela coisa má à mulher. Na verdade, ele deu uma “Kalon kikon”[1], uma beleza má, o nome dela era pandora, e ela chegou com um jarro cheio de males para espalhar pelo mundo.
Então, o mito grego, a poesia grega gosta de colocar as coisas de duas maneiras. As mulheres são lindas e irresistíveis. Ao mesmo tempo as mulheres fazem os homens trabalharem, portanto, são más.
E nessa investigação entorno do ser e de seu lugar no mundo, os mitos buscam certas compreensões do surgimento do homem e que ele não é o centro das coisas, mas que existe toda uma riqueza do mundo criado em que os seres humanos têm que se encaixar nesse mundo frequentemente desafiador.
3. PLATÃO E O MITO
Se lermos várias obras de Platão pode-se notar que elas são compostas por diversos mitos, como exemplo o mito da caverna que está situado na República, alguns desses mitos foram criados pelo filósofo outros já existiam na cultura grega.
Esses mitos são uma espécie de recurso no qual Platão utiliza para explicar a sua filosofia. Ideias complexas no qual o pensamento humano não compreende com facilidade.
Os mitos servem de suporte para explicar temas desconhecidos para o homem. Temas que transcende o pensamento do homem.
Como explicar um mundo de ideias? Mundo este que ultrapassa a capacidade de imaginação do ser. Para explicar o mundo das ideias, Platão utiliza-se de elementos do cotidiano do homem, mas atribui uma dose de exagero para fugir do comum e passar para o âmbito de suas ideias.
No mito da parelha alada, aprofundaremos nesses recursos que o filósofo utilizou para explicar a natureza das almas.
4. MITO DA PARELHA ALADA: UMA EXPLICAÇÃO PARA A NATUREZA DAS ALMAS.
O mito nos conta a história das almas e como elas fazem para adentrar num corpo. O mito começa comparando a alma uma força natural e ativa que uni a um carro que é puxado por uma parelha alada e conduzida por um cocheiro.
Os deuses também têm seus cavalos e cocheiros das almas, só que esses são bons e de boa raça, mas os dos outros seres são mestiços. O cocheiro que nos governa, rege uma parelha, na qual um dos cavalos é belo e bom, de boa raça, enquanto que o outro é de má raça e de natureza contrária. Assim conduzir nosso carro é ofício difícil e penoso.
A alma universal rege a matéria inanimada e manifesta-se no universo de múltiplas formas. Quando é perfeita e alada, plana nos céus e governa s ordem universal. Mas quando perde suas asas, rola através dos espaços infinitos até juntar-se a um sólido qualquer e aí estabelece o seu pouso. Quando reveste a forma de um corpo terrestre, este começa, graças à força que lhe comunica a alma, a mover-se. E a este conjunto de alma e de corpo que chamamos de ser vivo e mortal.
A força das asas serve para conduzir o que é pesado para as alturas onde habita a raça dos deuses. A alma participa do divino mais do que qualquer outra coisa corpórea. O divino é belo, sábio e bom. Por dessas qualidades as asas se alimentam e se desenvolvem, enquanto que todas as qualidades contrárias, como o que é feio, o que é mau a fazem diminuir.
Quando se dirigem para o banquete que os espera, os carros sobem por um caminho escarpado até o ponto mais elevado da abóboda dos céus. Os carros dos deuses que são mantidos em equilíbrio, graças à docilidade dos corcéis, sobem sem dificuldade. Os outros sobem com dificuldade porque os cavalos de má raça inclinam e repuxam o carro para terra.
Nesse mito é levantado um ponto importantíssimo que é o da natureza das almas. Para dar uma noção exata dessa natureza, Platão recorre ao mito da parelha alada, onde a alma é comparada a um carro dirigido por um cocheiro (o intelecto) e puxado por dois corcéis alados, um deles dócil (a coragem) e o outro rebelde (a concupiscência). Vemos que no mito Platão utilizou elementos do cotidiano do povo: o carro, cocheiro e cavalos, como isso ele facilita a compreensão e imaginação do tema tratado. Mas para fugir do comum, o filósofo utiliza outro elemento que não está presente no cotidiano do homem que são os cavalos alados. Assim Platão utiliza desse mito para resumir a luta que a razão trava com a vontade e a concupiscência.
5. CONCLUSÃO
Dado exposto nessa investigação, se torna necessário encontrar nessa perspectiva teórica aqui apresentada, vestígios comportamentais na ação dos sujeitos que se encontram particularmente a partir dos mitos dado os questionamentos categorizados do ensinar. As imagens aqui apresentadas do mito são compreensíveis para vida humana de maneira natural, onde seja assumido no individuo diferentes formas de pensar e agir.
É interessante perceber nos pressupostos teóricos dessa investigação, e junto a filosofia grega evocada nos estudos hora apresentados, o romper secular dos mitos numa perspectiva de ensino para vida atual, tendo em vista as múltiplas dimensões que os tempos conseguiram transcender na vida do homem mítico a partir de suas ações, pois, “o gênio filosófico grego aceitava o essencial do pensamento mítico, o eterno retorno das coisas, a visão cíclica da vida cósmica e humana” (ELIADE, 1994, p. 102). Campbell (1990) e outros autores mencionados nessa pesquisa, nos mostraram em seus estudos, elementos simbólicos que se correlacionam com nossas ações cotidianos de uma maneira singular, quando associado ao ato de ensinar e repassar esses ensinamentos ao próximo, de maneira que se gere um autoconhecimento a partir dos mitos.
Essa pesquisa possui um teor inquantificável pelo simples fato de mostrar a linearidade que os mitos conseguem provocar na vida humana de uma maneira que correlacione o ensinar e o praticar. Tal ação, é fundamental para nossa existência, quando reconhecemos a capacidade de se manifestar através do mundo e do entorno ao qual somos e fazemos parte. Dessa forma, os mitos consistem na possibilidade do indivíduo se autoconhecer e ensinar através dos esforços imagináveis que se rompem quando praticamos ações que nos formalizem parte integradora do mundo natural a partir dos ensinamentos.
A categorização desse ensinar se faz presente quando o mundo ao nosso redor se materializa com a reação emocional atingida pelos mitos de uma forma construtiva de conhecimentos, onde se correlacionem com o discurso amplo de nossas ações a partir de sentimentos que não são possíveis revelar.
Portanto, para se atingir esse grau emocional a partir da perspectiva teórica dos mitos é sem sombra de dúvidas necessário se preencher do real e transcender a secularidade do pensamento humano dentro desse conhecimento que alcança e ao mesmo tempo engloba possíveis compreensões de mundo dentro do pertencimento que só a troca de experiências podem caracterizar o poder e a força que os mitos conseguem construir em nossas vidas.
REFERÊNCIAS
CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito. São Paulo: Palas Athena, 1990.
ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. 4º. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1994.
ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
HESÍODO. Os trabalhos e os dias. 3ª ed.; tradução Mary de Camargo Neves Lafer. São Paulo: Iluminuras, 1996.
VERNANT, Jean Pierre. Mito e pensamento entre os gregos: estudos de psicologia Histórica; tradução de Haiganuch Sarian. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
VERNANT, Jean Pierre. Mito e sociedade na Grécia antiga. Rio de Janeiro: J. Olympio, 2ª ed. 1999
HESÍODO. Os trabalhos e os dias.